A Boneca



A boneca
Parte um

            Era de tardezinha quando Rebecca e Nicole estavam no acampamento, brincando de uma brincadeira chamada Canibal; para brincar de Canibal é preciso ter pelo menos sete tubos de tinta guache ou sete canetas coloridas de cores diferentes. É divido em dois times, vence o time que conseguir coletar mais cores.
            O céu estava feio, parecia que iria chover Nicole e Rebeca estavam andando depressa na trilha. Rebeca e Nicole então ouviram um barulho de sino, a brincadeira havia acabado e Nicole estava com apenas três cores e Rebeca só com duas...
            Ofegando, cansadas, elas se sentaram no chão, estava meio úmido. Nicole viu ao longe um montinho a mais de terra, resolveu ir ate lá ver o que seria aquilo. Enquanto Nicole ia averiguar aquele algo estranho, Rebecca estava agora deitada no chão da trilha, aparentemente cansada de tanto correr.
            -Hey, Becca. – Nicole chamou sua amiga. – Venha aqui, olha isso.
            Nicole então havia desenterrado do montinho de terra a mais, uma boneca que era totalmente estranha, era pequena, Nicole a segurava apenas com uma mão tranquilamente, a boneca tinha um olho que se você balançasse a boneca, o mesmo piscava. O olho era azulado.  A boneca estava suja de terra.
            Rebecca então, irritada por ter que se levantar, e se abaixar de novo para ver a boneca e perguntou:
            -O que é que é isso?          
            Nicole então faz uma cara de retardada e diz:
            -É uma boneca, não esta vendo não?
            Rebecca riu irônica.
            -É lógico que eu sei que é uma boneca. . Mas que é que ela estava fazendo ai?
            Nicole olhou para Rebecca com uma cara meio que expressando a pergunta: ‘’e você acha que eu sei?’’ As duas então, resolveram pegar a boneca. A temporada no acampamento, infelizmente acabou ate rápido demais.
Sem ninguém perceber, Nicole apanhou uma sacola plástica, lá colocou a boneca, e levou a mesma para sua casa.
            Assim que Nicole chegou em sua casa, ela jogou de qualquer jeito as suas malas em cima da sua cama, ligou o seu computador,e assim que o fez, olhou para o relógio digital que ficava na escrivaninha. Marcava oito horas e cinqüenta minutos.
            Nicole tinha dezesseis anos, ela estava cansada por causa do acampamento, podia-se dizer que uma semana era demais para se divertir tanto num só lugar.
            -Nicole! – era sua irmã a chamando, batendo na porta do quarto.
            -Entra. – Nicole deu permissão. E assim se viram foram logo se abraçar. Luiza e Nicole eram bem próximas uma da outra mesmo com as constantes brigas entre elas.
            -E ai. – Luiza disse – como foi lá no acampamento? Gostou de ficar uma semana longe de mim?-
            Nicole sorriu um sorriso torto e logo depois mandou a irmã dar o fora do quarto, rindo. Nicole estava com saudades de implicar com sua irmã.
            Luiza saiu do quarto da irmã mais velha rindo sem questionar absolutamente nada. Iria ter pizza para o jantar, e Nicole só iria jantar se arrumasse suas coisas, era tanta coisa para arrumar, que Ni acabou por escolher não jantar e arrumar tudo com calma.
            No meio da arrumação, ela pegou a sacola plástica que estava com a boneca dentro, abriu a gaveta da escrivaninha, e foi lá que a boneca ficou durante três dias.
            Nicole estava no computador quando resolveu levar a boneca para ser arrumada. Ela mesma cuidou da pequena boneca. Depois de um dia a boneca parecia estar novinha, pronta para alguma criança brincar. E a primeira criança a brincar com a boneca, foi a Luiza, Luiza tinha oito anos, faltavam apenas dois messes para o seu aniversario de nove, e a garota já ficava comentando sobre ele totalmente animada.
            Era uma tarde quando Luiza estava assistindo televisão com a boneca ao seu lado, então até que nos seus devaneios achou um nome para a boneca. O nome da boneca seria Cindy. Ela até que tinha uma cara de Cindy mesmo. Nicole riu ao descobrir o nome ridículo que a irmã tinha colocado na boneca, não era uma coisa muito normal para pessoas como Nicole terem bonecas e ainda com nome. Mas, aquela boneca era como se fosse uma exceção a todas as regras que Nicole já havia escutado.
            Era uma noite que tinha acabado de voltar da pizzaria, ela havia deixado Cindy no seu travesseiro, deitada. Quando voltou viu que a boneca estava no chão.
            Nicole olhou em volta, e acabou percebendo que a janela do seu quarto havia sido aberta. Ela achou isso estranho, então, resolveu dar uma olhada.
            Ela não havia se lembrado de ter aberto a janela antes de sair, e ela não abriria mesmo se quisesse, antes de sair havia começado a chover forte. Então de repente, todas as luzes da casa se apagaram, Nicole ouviu um gritinho, que provavelmente havia sido de sua irmã mais nova. Seus pais não estavam em casa para ajudar em qualquer coisa se as duas precisassem.
            Assim que Nicole ouviu sua irmã gritando, a chamando pelo nome, Nicole saiu correndo imediatamente até a sala, logo, viu que sua irmã estava encolhida na poltrona de baixo de um edredom. Nicole suspirou. Ela estava nervosa. Não sabia a onde seus pais guardavam velas para emergência, como lembrava que havia levado uma lanterna para o acampamento, foi até lá pegar a mesma. Nisso Nicole foi com calma até seu quarto e achou a lanterna que havia levado para o acampamento.
            Nicole sorriu ao ligar a lanterna vendo que a mesma estava funcionando perfeitamente bem.
            A garota então foi para a sala, e viu com a ajuda da luz da lanterna que a irmã ainda estava enrolada no edredom, Nicole então iluminou todo o canto da sala para ver se havia algo de errado, ou de até mesmo diferente. Ela então iluminou o chão. Assustou-se, pois ao fazer isso, viu que a boneca estava debaixo do sofá que Luiza estava.
            Nicole gritou, fazendo logo em seguida Luiza gritar também. Após isso,a luz da casa  toda reacendeu.
            -Ok. – Nicole suspirou. – Eu vou para o meu quarto, se precisar de mim é só gritar.
            Ignorando a boneca que havia visto embaixo do sofá, correu para seu quarto, trancou a porta, e olhou para sua cama. E Cindy, estava lá. Era como se a boneca sorrisse para ela.
            -Respira. Inspira. – Nicole disse para si mesma.
            O telefone então tocou, uma vez, duas vezes, e na terceira vez Nicole foi correndo atende-lo.
            -Alô. Nicole, e ai tudo bem? É a Becca.
            -Ah, oi Becca, tudo bem? –
            -Tudo sim, então, como o dia das bruxas esta pra chegar, o Erick ta convidando a gente mais algum pessoal para passar o dia lá na casa dele, o que você acha?
            -Eu topo. – Nicole disse com uma certeza enorme de que não iria sentir nem um pouquinho de medo. Assim que desligou o telefone, o mesmo ficava no seu quarto.
            Nicole olhou em volta, eram oito horas da noite. Apesar de ser sedo, ela resolveu ir se deitar, aquela boneca não estava fazendo bem para o seu subconsciente.
            O dia de ir para a casa de Erick comemorar o dia das bruxas finalmente havia chegado e Luiza não iria para festa porque ela odiava o dia das bruxas e odiava também o Erick, porque ele sempre dava sustos na garota.
            Eram exatas nove horas da noite quando Nicole chegou na casa do amigo, antes de sair Nicole havia pego a Cindy, para dar uma animaçãozinha a mais na festa.
            A casa do Erick era grande e estava toda enfeitada.
            -Nicole. – Erick cumprimentou a amiga, estranhando o fato de a mesma estar segurando uma boneca.
            -Eu não acredito. – Nicole olhou para o outro lado da sala de Erick que estava e viu Rebeca olhando para Cindy. - O que é que essa coisa esta fazendo com você?
             Nicole nada respondeu, apenas suspirou e deu de ombros. Erick ficou confuso, mas não foi outro que não comentou nada também. Um tempo se passou, era por volta das dez horas quando todos os amigos já estavam na casa de Erick; Nicole, Rebecca, Bruno, Marcela e Leonardo.
            Eles então se sentaram em uma roda no quarto de Erick que também estava enfeitado para o dia das bruxas.
            -Seus pais estão em casa? – Leonardo perguntou para Erick, o garoto em resposta, apenas balançou a cabeça em um não.
            -O que vamos fazer? – Marcela perguntou.       
            -Que tal o quarto do terror? – Leonardo sugeriu. – Funciona assim, a gente se divide em dois grupos, cada um vai para um quarto, cada grupo arruma o seu respectivo quarto, depois disso, o outro grupo entra no quarto do seu grupo e vice-versa. Ganha quem gritar menos.
            -Interessante. – Erick disse pensativo. Então, eles se dividiam em dois times, um time era Erick, Marcela e Nicole. O grupo de Leonardo foi para o quarto de visitas enquanto o grupo de Erick ficou no quarto do próprio mesmo.
            -Como vamos ganhar essa? – Nicole perguntou com um sorriso maroto estampado no rosto.
            -Simples. – Erick disse cada um se esconde bem escondido, quando cada pessoa do time do Leonardo for entrando a gente da assusta um por um.
            -Se bem que não é uma má idéia – Marcela disse, e em seguida segurou o riso.
            O grupo de Erick seria o primeiro a entrar no quarto que estava o grupo de Leonardo, entraria primeiro uma pessoa depois outra. E a primeira foi a Nicole.  Antes de terem subido para o quarto do Erick, Nicole tinha certeza de que havia deixado a boneca na sala do amigo.      
            Porem a sua certeza se foi assim que viu a boneca no chão do quarto de visitas que agora parecia estar sombriamente vazio exceto pela boneca no meio do quarto.  Nicole não se assustou muito de primeira,  ela fechou os olhos e assim que os abriu, não viu a boneca novamente.   
            -Ufa. – Nicole disse para si mesma. – Eu não posso estar ficando louca. –
            Assim que Nicole fechou novamente com força os olhos, e abriu de novo, viu novamente a boneca no chão do quarto, e isso a fez sair correndo do quarto gritando, indo em direção a sala da casa de Erick, ela olhou para o sofá que havia deixado a boneca, e lá estava Cindy, era como se a boneca sorrisse para Nicole.
            Nicole se segurou para não dar outro grito, ela então foi até Erick e falou que havia recebido uma mensagem em seu celular, e que eram os pais dela pedindo para a mesma voltar para a casa. E foi assim, Nicole sem querer acabou esquecendo-se de Cindy na casa de Erick.
            -Oi. – Luiza disse entrando sem bater na porta do quarto da irmã, quando a mesma já estava deitada e quase dormindo.
            -Não enche. – Nicole resmungou, a garota estava perturbada por causa da boneca.
            -Cadê a Cindy? – Nicole ficou mais nervosa ainda por sua irmã ter perguntado isso. Nicole bufou totalmente nervosa e descontraída.
            -Acabei esquecendo ela na casa do Erick. – Nicole diz. – agora dê o fora daqui. –
            Obedecendo a irmã Luiza foi para o seu quarto, onde lá ligou sua televisão e começou a assistir algum desenho para crianças qualquer. Não estava nem na metade do desenho que Luiza chegou a adormecer, o sono dela não foi tranqüilo. Pesadelos o habitaram. Luiza sonhou com Cindy, ela sonhou como se ela estivesse no lugar de Nicole.         
            Luiza acordou ofegando por causa do pesadelo, esfregou os olhos com a mão, percebendo que a televisão estava ainda ligada foi ir desligar a mesma para que pudesse ter um sono mais tranqüilo.
            A garota então voltou para a sua cama e conseguiu dormir tranqüila, dessa vez sem pesadelos e sustos desnecessários.
            Era na tarde do dia seguinte que Nicole foi à procura de Cindy na casa de Erick.  Não precisou de muita procura para achar a boneca, a mesma estava a onde Nicole havia deixado.
            -Você esta bem? – Erick perguntou.
            -Estou sim. – Nicole respondeu meio tensa.
            -Tem certeza? – Erick perguntou para confirmar e em resposta recebeu outro sim.
            Nicole segurando a boneca na mão foi para a sua casa, deixou a boneca com Luiza e foi direto para seu quarto, trancou a porta, se virou, e lá em sua cama estava Cindy, sorrindo.
            -Olá. –
            -Ã? – Nicole perguntou para confirmar seu palpite. Ela havia escutado a boneca falar, era uma voz irritante, uma voz sombria, a boneca mesmo renovada dava muito medo.      
            -Brinque comigo. – a boneca disse, assustando Nicole. – Eu estou me sentindo sozinha. Todos se afastam de mim.
            -Porque será... – Nicole sussurrou, e então, ao ver a boneca se mexer, resolveu ficar quieta quando foi se aproximando e se sentando na cama ao lado de Cindy.
             -Porque você é assim? – Nicole perguntou, mas nada obteve como resposta. A boneca ficou parada, sem se mexer. – Não quer falar mais comigo?
            -Eu tenho um diário. – a boneca disse sombriamente. – ele esta lá no acampamento, se quiser pega-lo, ele é todo seu, a minha historia inteira esta lá.
            -Já chega. – Nicole disse fechando os olhos com força, assim que os abriu, a boneca misteriosamente não estava mais lá.
            Sem mais delongas Nicole foi dormir, exausta e morrendo de medo porque Cindy provavelmente estava com Luiza, ou pelo menos era a onde deveria estar.
            Assim que acordou Nicole estava com uma certeza na cabeça. Ela iria voltar ao acampamento e deixar a boneca a onde a encontrou.
            Era uma tarde de terça-feira monótona quando teve a oportunidade de ir conversar com sua mãe, ela estava na cozinha preparando um bolo de chocolate.     
            -E porque você quer voltar para o acampamento, filha? Não vai ter ninguém lá...
            -É que eu me esqueci de algo lá que eu deveria ter pegado. – Nicole disse.
            Sua mãe hesitou a deixar sua filha voltar para lá sozinha. Nicole iria voltar para o acampamento no sábado de manhã.        
            A noite que se passou foi muito estranha. Nicole sentiu que havia tido um pesadelo. E assim que acordou ofegando viu que seu pulso estava com alguns cortes, uns feios, outros nem tanto. Não sangrava. Nicole olhou em volta, tudo estava escuro, só conseguiu ver a Cindy estava na cabeceira do lado de sua cama, Cindy segurava um estile porque havia uma frestinha de luz saindo da porta de seu quarto.
            -Eu. Devo. Estar. Ficando. Louca. – Nicole disse pausadamente para o nada – Essa boneca não pode me assombrar até sábado. Assim que se levantou da cama, Nicole saiu do seu quarto, foi até o banheiro para dar um jeito nos cortes que habitavam seu pulso.
            Todos, exceto Nicole, estavam dormindo. Os pais dela tinham um sono muito pesado, igualzinho a Luiza. Porém, já Nicole era diferente, ela acordava muito fácil.
            Assim que colocou um curativo nos cortes, Nicole voltou para seu quarto, apanhou Cindy, as duas foram para o sótão da casa, lá havia um baú, e foi nesse baú que Nicole colocou Cindy, trancou-o com um cadeado, Nicole prometeu a si mesma que só iria reabri-lo quando fosse ir para o acampamento para colocar a boneca de volta no lugar do qual Cindy nunca deveria ter saído.
            O sábado demorou tanto para chegar que Nicole já estava começando a ficar mais do que irritada com este fato.
            Ela iria sozinha para o acampamento apenas com a companhia da boneca... Se é que aquilo poderia ser chamado de alguma companhia muito interessante.
            A viagem de três horas e meia até o acampamento foi chata. Só havia ela no fundo do ônibus e uma velinha e um velinho no primeiro banco lá na frente, a direita.
            Nicole tinha pegado uma mochila de costas e lá só colocou o que lhe era necessário. Assim que chegou ao acampamento, no portão dele, Nicole reparou que o lugar estava como ela havia o deixado.
            O portão branco, extenso, com morros ao lado, o tempo estava gélido. Era uma cidade fria mesmo no verão, Nicole olhou no seu relógio de pulso e pode reparar que eram exatamente oito e meia. A noite pairava. Escuridão total, uma noite sem estrelas, e para o azar de Nicole as nuvens tampavam a lua.
            Nicole então pegou a mochila que levava nas costas com uma mão, abriu a mesma com a sua outra mão, apanhou a lanterna, e a ligou. Nicole iluminou um pouco a sua volta. Assim que se virou para o seu lado esquerdo avistou um morro, e lá em cima, como de costume existiam três casas pequenas.
            A da direita estava com a luz da sala apagada assim como a da esquerda, só que a do meio, a luz falhava, ficava boa por alguns minutos e logo depois apagava.

Parte dois

            Nicole então foi se aproximando do portão, e seu sorriso murchou assim que percebeu que o enorme portão estava trancado. Era azar demais para uma pessoa só. Com muito esforço, Nicole conseguiu pular o  portão, ela foi correndo para a trilha da corda, que foi a onde ela e Rebecca acharam a Cindy.
            Quando estava chegando à entrada da trilha, Nicole virou-se, e como sempre, havia o lago lá para trás, um pouco antes do campo de futebol. Já deveria estar registrado que Nicole era a pessoa mais azarada do mundo, Nicole tropeçou em algo.
            Assim que Nicole percebeu que ela tinha tropeçado nos próprios pés, ela bufou. Era tamanha raiva que estava começando a ficar difícil de controlar o que estava sentindo sem ter vontade de gritar para o nada; mas ela tinha que se controlar, o caseiro do acampamento poderia ouvir, afinal, o mesmo morava lá dês do dia que o acampamento começou.  
            Nicole foi andando, e andando ate o lugar certinho que ela havia desenterrado a Cindy, e foi lá que a mesma ficou. Nicole com presa enterrou a boneca de novo. Colocou mais terra em cima do que o necessário.
            Irritada ela estava. Ela não conseguia parar de pensar na boneca, Nicole havia colocado a lanterna no chão para enterrar Cindy, Ni levantou de presa, e então ouviu um latido, mas a frente, escondido no mato, havia um cachorro, magricelo. Ele era um cachorro negro.
            O latido era alto, irritante, o cachorro estava ameaçando a correr em direção da onde a Nicole havia enterrado Cindy.
            Nicole nem se deu ao trabalho de pegar a lanterna, saiu da trilha em uma velocidade enorme. Assim que viu sua mochila, apanhou-a, saiu correndo, foi até o portão, pulou por cima do mesmo, e foi até uma pousada qualquer, estava tarde, e como a viagem de volta ate sua casa seria longa, ela resolveu ir embora apenas no dia seguinte.
            Assim que achou uma pousada que lhe agradou, foi lá que ela ficou mesmo. Ela estava em uma suíte muito pequena, havia apenas uma cama de solteiro.
            Apesar de Nicole ter levado consigo um pijama ela resolveu dormir com a roupa que estava mesmo, independente se ela estava suja ou limpa. Era com um sono gigante que Nicole agora estava.
            Ela não teve um sono tranqüilo, a boneca estava lá, para assombrá-la e assustá-la. Parecia que Cindy nunca iria deixar Nicole em paz.
            Quando Nicole foi fazer a viagem de volta para a sua casa ela estava totalmente perturbada, intrigada. E ela estava quase achando que nunca mais iria voltar naquele acampamento e a última coisa que ela iria querer ganhar de alguém seria uma boneca, principalmente se fosse uma bem parecida com Cindy.
            E, Nicole então começou a colocar coisas na sua cabeça, ela odiaria qualquer coisa; nome ou pessoa que se parecesse com Cindy. Nicole olhou pela janela do ônibus, o tempo estava frio, o ônibus andava em uma estrada totalmente reformada.
            Assim que fitou tudo se passando em frações de segundos diante dela, Nicole abaixou a cabeça e olhou para seu pulso, vendo os cortes que de acordo com Nicole, havia sido Cindy que os fizeram.
            Nicole estava tentando se lembrar, tentando se lembrar de sentir Cindy fazendo tal coisa. Era uma boneca. Uma boneca que andava, falava. Aquela boneca tinha varias historias que Nicole não estava nem um pouco curiosa em saber.
            Quando voltou para casa seus pais estavam lhe esperando.
            -O que é que você tinha esquecido lá? – a sua mãe lhe perguntou e Nicole então deu uma desculpa qualquer e foi para seu quarto...
            Uma semana se passou, e Nicole não havia conseguido se esquecer da boneca, pois a mesma ainda assombrava. Nicole havia jurado que havia conversado com ela ontem mesmo.
            -Nicole. – a sua irmã mais nova entrou no seu quarto, dessa vez sem bater na porta, sem pedir permissão nem nada.
            -Que é. – Nicole então desviou sua atenção do computador para ver a irmã.
            -Precisamos conversar. – a irmã disse se sentando na cama da irmã.        
            -Diga. – Nicole disse.
            -Você não esta imaginando coisas não? -         
            Nicole então começou rir de uma forma fria e rude.
            -Agora, você esta me chamando de louca? – Nicole perguntou, parando de rir.
            -Não. Só quero que você organize os fatos na sua cabeça. – Luiza, irritada, deixou o quarto da irmã, Nicole, ficou lá, desamparada, pensativa.
            Mas e os cortes no pulso? Nicole se lembrava de estar dormindo e quando acordou a boneca estava praticamente sorrindo como se tivesse conseguido algo muito importante. É, talvez Nicole havia acabado de chegar ao nível total de loucura, por causa de uma boneca.
            Foi no final de uma conversa com Marcela que a ficha dela havia caído. Nicole estava tão movida pelo medo que não estava mais fazendo coisa com coisa. O medo move as pessoas em certas ocasiões.
            Nicole entendeu que os cortes no pulso não fora a boneca que fizera mas sim ela mesma, Nicole entendeu que ela não estava conversando com a boneca, ela que se imaginou conversando com ela.
            Mas... Mesmo depois de ter descoberto que tudo fora bolado pela sua própria imaginação, uma pergunta borbulhava em sua cabeça. ‘’ O que é que aquela boneca estava fazendo lá? Enterrada naquele lugar?” 

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